Texto e fotos do livro:
"Biografia de Vicente Geraldo de Mendonça Lima.
Sua vida, sua família"
(3ª Edição, revista e ampliada)
-2012-
Autor: Antonildes Bezerra de Mendonça - anto-bezerra@hotmail.com
Quem foi Antonino Rebêlo de Mendonça
Antonino Rebelo de Mendonça era filho de Vicente Geraldo de Mendonça Lima e de sua esposa Joana Rebelo de Mendonça. Funcionário dos Correios e Telégrafos de Itacoatiara e, de instinto jornalístico, lançou na década de 1940 - entre os anos 1942/1946 - o Jornal “A Voz de Serpa”, totalmente datilografado e mimeografado em consequência da falta de sistema gráfico mais avançado na cidade. Esse humilde veículo de comunicação da época teve como antecessores os semelhantes Jornais: ”O Município” (1893); “O Conservador” (1912); “Jornal do Commércio” (1914); “O Pirolito” e ”Mignon (1915); “O Sport” (1916); “O Carapanã”, “A Epocha”, “O Cravo” e “O Chic” (1918); “Serpa-Jornal”“ (1922), “O Olhudo” (1941), Jornal semanal de natureza crítica e literária e impresso também em mimeógrafo em 2/3 folhas. Fundado e dirigido por Ruy Machado de Alencar, tendo como colaborador o articulista João Valério de Oliveira (1928-1973). Os exemplares eram distribuídos pessoalmente por seu diretor, à porta da Igreja Matriz, aos domingos após a missa das 9 horas da manhã. Pela cidade a distribuição era feita por Aquilino Barros Filho (1904-1996). Por questão política o jornal foi pressionado e fechado pelas autoridades locais após seu terceiro ou quarto número, em represália às ofensas nele veiculadas.
As notícias locais e internacionais que o Jornal ”A Voz de Serpa” publicava, conseguidas por Antonino através de rádio, o que era raro nas casas, tinham grandes repercussões na cidade. Esse Jornal chegou a promover duas eleições de miss itacoatiarenses, com destaques para Yolanda Figueirêdo e Nilza Brasil Teixeira; a primeira veio a ser desposada pelo Contador Antonio Vital de Mendonça – “Quitó” que mais tarde seria eleito vereador e sequencialmente deputado estadual
Com a morte do seu editor-chefe Antonino Mendonça, o Jornal foi extinto. Daí até hoje outros Jornais surgiram sendo enfileirados pelo Jornal “O Rebate” criado em 1948. Atualmente, Itacoatiara dispõe dos Jornais: “O Candiru”, editado e impresso em computador por seu editor-chefe Rui Sá Chaves, que também o distribui aos assinantes; “O Jornal de Itacoatiara” que tem como editor-chefe o Jornalista Roberval Vieira e o “Jornal da Câmara Cidadã”, criado pelo Presidente da Câmara Municipal, vereador Dr. Raimundo Silva, para publicar única e exclusivamente as atividades legislativas. Os dois últimos Jornais são editados em Manaus pela Gráfica R.V. de Freitas, com impressão de primeira linha.
Antonino Mendonça, em 1947, incentivou a candidatura de seu irmão Vicente Jr. a deputado estadual pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN), com o argumento de que no Legislativo Estadual não havia quem defendesse os interesses de Itacoatiara. Entremeado de relutância a candidatura foi confirmada. Daí então Antonino Mendonça mergulhou afincadamente na campanha usando o seu Jornal “A Voz de Serpa”. Para dar mais força à campanha, próximo à eleição, viajou para Manaus onde se alojou temporariamente no mesmo apartamento do irmão candidato.
Mendonça Jr., em lugar nenhum propagara a sua candidatura. Acadêmico de direito na época, apenas estudava. Enquanto o irmão fazia a campanha por um lado, em Manaus, o pai, irmãos, amigos e outros familiares, em Itacoatiara, por outro.
A tristeza não deixou de ingerir-se à alegria da família Mendonça e simpatizantes, pois Antonino, acometido por grave doença que lhe aportou próximo a eleição estadual, veio a óbito aos seus 24 anos de idade, exatamente no dia 19 de janeiro de 1947 em que se realizou o pleito. Era o início dos meus 10 anos de idade e apenas me lembro que o enterro mobilizou quase toda a cidade, e que hoje, analisando a espontaneidade daquele movimento popular, considero que esse acontecimento foi uma verdadeira apoteose. A família Mendonça, encabeçada pelo Patriarca “Vicentinho”, admirado por ser um homem talentoso e exemplar, recebeu um tributo memorável do povo através dessa manifestação de afeto e carinho. Inegavelmente o fato tenha influenciado a vitória de Mendonça Jr., por coincidir o falecimento do seu irmão com o dia da eleição através da qual pretendia eleger-se. O povo votou e se acotovelou onde se dava o velório, preparando-se para acompanhar o féretro. Mesmo a vitória de Mendonça Jr. não esvaiu a tristeza e luto da família pela perda de Antonino - ente tão querido.
Fato idêntico lembra-me bem, ocorreu com o saudoso Antonio Vital de Mendonça (“Quitó), morto no dia 9 de agosto de 1955, em plena campanha das eleições municipais que ocorreriam no dia 16 de novembro do mesmo ano. O popular “Quitó” recebera uma votação estupenda que o consagrou deputado mais votado das eleições de 03/10/1954. Sua trágica morte se deu aos sete meses iniciais de mandato. Seu irmão, Jurandir Vital de Mendonça - então candidato a vereador - em seus vários discursos em palanques, sempre recheados de emoções, citava a triste tragédia sofrida pelo irmão; lamento que comovia a sensibilidade da platéia, o que redundou na sua vitória que era complementada pela grande estima do povo; exemplo anteriormente ocorrido com o saudoso Vicente Mendonça Jr., na eleição estadual de 1947.
No final do segundo ano de desempenho do mandato, Mendonça Jr. foi acometido de tuberculose, obrigando-o a sair de Manaus para Belo Horizonte (MG) onde se submeteu a sério tratamento de pneumo-peritônio para eliminar o terrível e perigoso bacilo de koch. Seu substituto, deputado Francisco Gama e Silva, em gesto solidário, lhe mandava a metade do subsídio.
Mendonça Jr. retornou a Manaus justamente após o término de seu mandato de maio de 1947 a maio de 1951. Com isso contabilizou-se apenas dois anos de atividades legislativas de Mendonça Jr. no parlamento estadual.
Antonino Rebêlo de Mendonça tinha como esposa e mãe dos seus três filhos, Glêse, Lênis e Paulo (citados na página 32 e fotos nas 129 deste livro) a saudosa Professora Mirtes Rosa Mendes de Mendonça Lima (1923-1989), guindada por decreto governamental ao cargo de Diretora do “Grupo Escolar Coronel Cruz” em 30/01/1946, ficando no cargo até 1947. Na sequência, foi a décima Diretora daquele Grupo.
Habilitada pela antiga Escola Normal de Manaus foi nomeada juntamente com outras colegas de turma para trabalhar em Itacoatiara após prestarem concurso público. Em plena flor da juventude, nesta cidade, formou com elas, a primeira república de moças de que se tem notícia no interior da Amazônia brasileira. No ano de 1942. Mirtes Mendonça deu início às suas atividades docentes que duraria até a sua aposentadoria. Dedicou seus trabalhos única e exclusivamente a Itacoatiara; terra a que, com afeto e carinho tinha como sua. Casou-se em pleno desenrolar de suas atividades instrutivas, porém, mais ou menos com quatro anos de casada teve a desdita de ficar viúva com apenas 24 anos de idade. E assim continuou até a sua morte.
Em reconhecimento aos trabalhos professorais dedicados a Itacoatiara, ao longo de três décadas, essa saudosa professora foi agraciada com o seu nome na Escola climatizada de dois blocos, sendo um de pavimento duplo, situados no Bairro São Cristóvão, limitando-se com as Ruas: Moacir Chaves de Abreu (ao Norte); Urucará, (ao Sul); Avenida Mário Andreazza, a Leste (Foto 1) e Rua Belo Horizonte, a Oeste (Foto 2); trabalhos integrantes das realizações do Prefeito Mamoud Amed Filho que a construiu no seu primeiro mandato de 83/89 e 12 anos após reformou-a no seu terceiro mandato de 2001/2004; sempre impregnando o desejo de, na sua administração, homenagear todas as pessoas que deram uma vida em favor de Itacoatiara.
Perspectiva da fachada da Escola "Mirtes Rosa Mendes de Mendonça Lima" (ja conhecida como Mirtes Rosa), vista entre a esquina da Avenida Mário Andreazza e Moacir Chaves de Abre.
Perspectiva de dois complexos integantes
da referida Escola, vistos pela Rua Belo Horizonte,
em primeiro e segundo planos.