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O Dr. Marcelo Lima Filho (foto), no final de 2013, em seu blog, fez homenagem à sua mãe, desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima, após a sua aposentadoria compulsória.
A homenagem, transcrita abaixo, me calou fundo ; daí, em vista da ligação familiar entre o autor, sua mãe (a quem dedico grande respeito, admiração e carinho) e mim, peço permissão para postá-la neste blog da biografia do nosso avô Vicente Geraldo de Mendonça Lima (05.12.1880-25.04.1976).
(O texto a seguir, não consta no
livro da biografia do patriarca)
“Esta semana que se encerrou ficará na minha lembrança por um grande acontecimento. Minha dileta mãe, a Desembargadora Marinildes Mendonça Lima, ao completar 70 anos vividos intensamente, aposentou-se na exitosa carreira da magistratura. Seus feitos, ao longo de 41 anos dedicados ao Judiciário, são dignos de lugar na história deste Poder.
Primeiramente, imagino as dificuldades sofridas no início da carreira, para adaptar-se na longínqua Boca do Acre, distante de tudo e de todos. Afinal, ainda hoje, a despeito das facilidades que a vida moderna trouxe, não raro ouvimos relatos de profissionais dos mais diversos ramos, registrando a complexidade do acesso e da vida nas cidades da Amazônia. Curiosamente, foi ali que ela conheceu meu pai.
Primeira mulher a alçar posição no Tribunal de Justiça, egressa da magistratura (havia precedente, mas em vaga destinada ao Ministério Público), afirma, felizmente, jamais ter sido alvo de qualquer preconceito em razão do sexo. Pouco depois, assumiu a presidência do Tribunal Regional Eleitoral, onde presidiu exitosamente o segundo pleito com uso da urna eletrônica (e o primeiro em que a máquina foi levada ao interior do Estado). Foi também a primeira mulher a dirigir a justiça eleitoral.
Na condição de corregedora-geral de justiça, sua atuação teve visibilidade nacional e internacional, ao atuar energicamente no combate à grilagem de terras no Amazonas, tendo sido responsável pela anulação da titulação de milhões de hectares em imóveis irregulares, nas mãos de malfeitores. Extraordinário trabalho em prol da Amazônia e do Brasil.
Sensível aos anseios dos seus colegas lotados nas comarcas do interior, quando ascendeu à presidência do Tribunal de Justiça, não hesitou em minorar a dificuldade de fixação daqueles profissionais nas comarcas interioranas, construindo-lhes dezenas de imóveis funcionais, que seguramente lhes proporcionaram melhor condição de vida e produtividade. O povo ganhou. Com o juiz na cidade, audiências aconteciam, processos andavam, a justiça estava finalmente mais presente.
Ainda no tocante ao desígnio de promover o acesso à justiça, dotou a comunidade de um fórum-flutuante. A justiça dali em diante pôde ser itinerante. Quanta vontade de servir bem aos que tanto carecem de atenção. Eu até então não conhecia essa verve empreendedora da minha genitora. De onde vinha tanta inspiração?
Em Manaus, manteve o ritmo de modernização trazido por seu antecessor. Justiça eficiente só se logra com investimento em hardware, software, gestão e desenvolvimento de pessoas. Ao deixar a presidência da Corte, fez questão de registrar o saldo positivo das finanças do Poder (mais de quarenta milhões de reais em caixa), contas pagas, obras concluídas.
Posso assegurar que mesmo diante de uma rotina intensa e assoberbada que sempre a perseguiu, jamais negligenciou o papel de mãe. Sempre soube nos cobrar nos nossos deveres, nos confortar diante das adversidades, e orientar-nos nos desafios da vida.
Eis, portanto, em apertadíssima síntese, um registro do seu legado. Minha mãe é sim um dos meus melhores referenciais profissionais. Sua postura, dedicação, decência e empreendedorismo muito me motivam no ofício de bem servir.”
“Meus Parabéns!”
Sobre o autor da homenagem:
É Mestre em Direito Público (UFSC), especialista em Direito Mobiliário (USP), Direito Internacional (ESA-SP) e Direito da Economia e da Empresa pela FGV/RJ.
Foi Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Estado do Amazonas, tendo sido Secretário Executivo naquela Pasta, no período de 2007 a 2009. É professor universitário e atua como Notário e Registrador no Amazonas.
Coordenou o projeto de preparação de Manaus como cidade-sede da Copa 2014, em que merece destaque o sistema de mobilidade urbana – Monotrilho, e Arena da Amazônia, a cargo do Governo do Estado.
