Texto, foto e figuras do livro:
"Biografia de Vicente Geraldo de Mendonça Lima. Sua vida, sua família"
(3ª Edição, revista e ampliada)
-2012-
Autor: Antonildes Bezerra de Mendonça - anto-bezerra@hotmail.com
Homenagem ao Dr. Francisco Gomes da Silva
De criança inteligente a adolescente esforçado e admirado; de jovem perseverante a adulto escritor, historiador, eloquente orador; honesto e digno que conquistou a advocacia, a Promotoria de Justiça e, finalmente, a imortalidade como Membro da Academia Amazonense de Letras.
Assim é esse cidadão que por mim foi observado desde o primeiro momento em que me enamorei de sua irmã Olindina, com quem sou casado há 51 anos. É como se ainda estivesse vendo aquele garoto com os braços apertando os jornais “O Trabalhista”, de fortes temas políticos (principalmente de Ramayana Chevalier), para vendê-los na cidade e ajudar à família composta de mais onze irmãos.
Ao partir para a Capital, onde adentraria a Faculdade de Direito, deixou a certeza de que um dia voltaria formado. E o fez! Daí então foi providencial certa carta que lhe enviei nos meus primeiros anos de casado. Em uma parte do seu bojo assim eu me expressei: “Deves, antecipadamente possível, esforçar-te em teus estudos para volver à terra que te serviu de berço e defendê-la com orgulho”. Infelizmente, na política itacoatiarense não teve grande sucesso ao aspirar ao cargo de prefeito e de deputado estadual. Apenas conquistou, em 1992, pelo PST, a vereança a qual renunciou em 1995 na metade do mandato. Sua voz tonante oposicionista era ouvida no Plenário da Câmara, “em prol da ética e contra os desmandos políticos”. Após a renúncia se afastou da política e passou a escrever seus livros.
Francisco Gomes da Silva foi bom filho dos sempre lembrados Pedro Gomes da Silva (1906 -1991) e Olívia Maria de Arruda (1913-1971). É exemplar irmão, afável pai, aprazível cunhado e excelente amigo. É extremamente comunicativo; sem ódio, sem rancor e mantenedor da paz entre seus semelhantes e a todos que o cercam com carinho e benevolência.
Sua comunicabilidade era tanta que fazia visitas constantes ao patriarca Vicentinho Mendonça, de quem guardava respeito e simpatia e adquiria importantes conhecimentos para levar à frente o conteúdo dos seus catorze livros. O jovem também era admirado por aquele ícone da experiência e prático de vida pelas razões acima expostas.
Foi dele a autoria do texto contido no Artigo 218 da Lei Orgânica de Itacoatiara, que redigiu em 1990 por designação dos vereadores do quatriênio legislativo de 1989 /1993, no qual determina a construção de uma escola, em nome do biografado (no local onde hoje se encontra), em respeito à memória daquele que foi o maior patrimônio cultural de Itacoatiara.
Daí ser justo que nesta Biografia esse ínclito cidadão tenha uma merecida homenagem do autor, o que faço a seguir, inserindo a sua Biografia.
Biografia:
- Historiador e acadêmico. Professor e escritor.
- Natural de Itacoatiara/AM. Nasceu em 24.11.1945.
- Filho de Pedro Gomes da Silva e Olívia Maria de Arruda Gomes
- Casado há 41 anos com Maria de Fátima Oliveira Gomes. Pai de três filhos e avô de três netos.
- Advogado regularmente inscrito na OAB/AM. Promotor de Justiça de Segunda Entrância aposentado.
- Sócio efetivo da Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), da Associação de Escritores do Amazonas (ASSEAM), do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Academia Amazonense de Letras (AAL).
- Sócio correspondente do Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro/RJ) e fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (Santarém/PA).
- Eleito em 18 de agosto de 1968 para a Poltrona nº 14 do IGHA, mais tarde renumerada para 26, patrocinada pelo naturalista suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) , e na qual foi empossado em 25 de março de 1969 com recepção do Orador Oficial Padre Raimundo Nonato Pinheiro (1922-1994). Foi Secretário (1970/1971), Orador Oficial (2001/2002), Vice-Presidente e Presidente interino (2003/2004). É o segundo membro vivo mais antigo do Sodalício, apenas precedido pelo ex-senador José Bernardo Cabral que tomou posse em 05.09.1968.
- Na AAL ocupa a Cadeira nº 20, cujo patrono é o polígrafo brasileiro João Ribeiro. Eleito em 24 de setembro de 1999, tomou posse em 14 de abril de 2000, sendo recepcionado pelo acadêmico Robério Braga. Nessa Instituição exerceu os cargos de Tesoureiro (2004/2005), Secretário Geral (2006/2009) e membro titular do Conselho Fiscal (2010/2011).
- Pertenceu ainda às seguintes entidades: Associação Brasileira de Reforma Agrária (Brasilia/DF); Associação Paulista de Hospitais (São Paulo/SP); Associação dos Hospitais do Estado do Amazonas (Manaus/AM); União Brasileira de Escritores do Amazonas (Manaus/AM); e Associação Dom Jorge Marskell (Itacoatiara/AM).
- Leitor voraz e pesquisador experiente iniciou a atividade de escritor aos 16 anos (1962) e lançou o seu primeiro livro aos 19 (1965). Efetivamente, meio século de convívio com as letras completado à altura de seus atuais 66 anos de existência. Ressalte-se que, em razão do extravio dos respectivos originais nos escaninhos da SEDUC, no início da ditadura de 1964, resultou frustrada a sua pretensão de estrear em meados daquele ano com um livro de poesias. Inobstante, o seu primeiro trabalho, “Itacoatiara. Roteiro de uma cidade”, integrante da Coleção Paulino de Brito das Edições Governo do Estado do Amazonas, prefaciado pelo amazonólogo Arthur Cézar Ferreira Reis (1906-1993), foi lançado na abertura oficial da Rodovia Manaus-Itacoatiara – 05 de setembro de 1965. Embora jamais tenha descurado da pesquisa histórica, somente outros dois títulos seriam editados nos quatorze anos seguintes. Na verdade, a função de Promotor de Justiça no interior do Estado e a incursão do Autor pela política partidária interromperam, por quase vinte anos (1979/1997), uma trajetória literária que prometia ser forte em quantidade e talvez em qualidade. Somente depois de aposentado pelo Ministério Público e de haver abandonado a política é que retomou a atividade de escritor (1997). Até aqui são doze obras publicadas e duas outras estão em fase de conclusão (acessar a página “Obras Literárias”).
- De família numerosa, começou a trabalhar aos 13 anos de idade. Em Itacoatiara foi doceiro, auxiliar de carpinteiro, carreteiro no Mercado Público, carregador na Usina de Beneficiamento de Castanha de I. B. Sabbá & Cia., jornaleiro, balconista, entregador de mercadorias e conferente de carga e descarga no porto da cidade; e, já em Manaus, após os 18 anos, atuou como balconista na firma J. G. Araújo & Cia. (1965), repórter policial em “A Crítica” e colunista literário no “Jornal do Comércio”. Desde então e ao longo de quase meio século desenvolveu atividades profissionais no serviço público e na iniciativa privada, como as de servidor concursado da Fundação SESP (Ministério da Saúde) em 1965/1970; assessor administrativo e jurídico da Santa Casa de Misericórdia de Manaus (1970/1976); assessor sindical e jurídico da CONTAG/AM (1974/1975); fundador e assessor da FETAGRI/AM (1975/1976); fundador e secretário executivo da Associação dos Hospitais do Estado do Amazonas (1974/1976); membro de Grupo Tarefa da Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte I (1975/1976); assessor jurídico e fundiário da SEPROR/AM (1977); assessor parlamentar e chefe de gabinete na Assembléia Legislativa do Estado (1977 e 1999/2005); executor do Projeto Fundiário Manaus e Advogado da Divisão Fundiária do INCRA/AM-RR/Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrários (1977/1978); Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Amazonas, admitido por concurso de provas e títulos: titular da Promotoria de Justiça de Primeira Entrância da Comarca de Itapiranga e, por substituição, em exercício nas comarcas de Silves, Maués e Itacoatiara (1978/1983); promovido por antiguidade à Segunda Entrância, foi titular da 8ª Promotoria de Justiça, da 4ª Curadoria Judicial, da Curadoria de Família e Sucessões e da 3ª Vara Criminal – todas na Comarca da Capital (1983/1986); presidente honorário da Comissão Especial pró-titulação de terras da Prefeitura Municipal de Itapiranga (1979); consultor jurídico da Cooperativa Mista Agropecuária de Itacoatiara (1981/1984); disposicionado ao gabinete do governador do Estado nos anos de 1983/1984 e 1988/1989; consultor jurídico da Prefeitura Municipal de Itacoatiara (1989/1992); assessor jurídico da Câmara Municipal de Itacoatiara (1990/1991); assessor jurídico e coordenador do Núcleo de Questões Fundiárias e da Coordenadoria de Questões Judiciais da Procuradoria-Geral da SUFRAMA/Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (1997/1999); e Diretor/tesoureiro da Associação de Amigos da Cultura (2002/2009).
- Em 1990, contratado pelas respectivas câmaras municipais, redigiu os anteprojetos de Lei Orgânica dos municípios de Itacoatiara, Itapiranga e Silves. Referidos textos, depois de ouvidos vários segmentos da população, discutidos e votados em plenário, foram aprovados e transformados em Lei Fundamental dos aludidos entes federativos.
- Concluiu o antigo curso primário e o ex-ginasial em Itacoatiara (1953/1964) e o de Magistério de nível de segundo grau no Instituto de Educação do Amazonas em Manaus (1965/1967). Fez o primeiro ano de Pedagogia na ex-Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFAM (1968) e graduou-se pela antiga Faculdade de Direito da mesma Universidade (1968/1972). Foram inúmeros os seminários, encontros e cursos de extensão e/ou aprimoramento intelectual e profissional de que participou, tanto em Manaus (vários anos), como em Brasilia/DF (vários anos), São Paulo (1972 e 1973), Caxias do Sul/RS (1975), Recife/PE (1975), Rio de Janeiro (1975 e 1976), Cuiabá/MT (1977), Boa Vista/RR (1977), Macapá/AP (1998) e outros centros.
- Na juventude participou de movimentos de política estudantil, fundou e dirigiu o jornal “O Idealista”. Secretário-Geral (1962) e Presidente (1963) do Grêmio Estudantil “Fernando Ellis Ribeiro”, da ex-Escola Comercial de Itacoatiara, nesta função liderou a campanha que resultou na estadualização do estabelecimento pelo governador Plínio Ramos Coelho (1920-2001), conforme decreto Ad Referendum da Assembleia Legislativa nº 57, de 14 de março de 1963, que desde logo passou a ser Ginásio (e posteriormente Escola) Estadual “Dep. Vital de Mendonça”. Despontou no I Seminário de Estudos Educacionais do Baixo Amazonas, realizado em Itacoatiara paralelamente ao Congresso Anual da UESA em 1963, e foi orador de sua turma (1964). Em Manaus foi ativista do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito e articulista do jornal “Folha Acadêmica” (1968/1972).
- Em 1966, ainda um estudante do Instituto de Educação do Amazonas, irrequieto e prenhe de civismo, assinou o livro de fundação do MDB, partido de oposição ao regime militar implantado no País dois anos antes. Posteriormente, integrando a chamada Ala Autêntica do PMDB, liderou em Itacoatiara a luta pela redemocratização do Brasil. Como partícipe dos movimentos Pró-Anistia e Eleições “Diretas Já!” saudou o presidente nacional do Partido, deputado Ulysses Guimarães (1916-1992), quando de suas visitas a Itacoatiara em 1976 e em 1977. Candidato da oposição à Prefeitura de Itacoatiara (1976) foi vítima de pressões políticas, econômicas, psicológicas e morais. Mesmo derrotado, recebeu nesse pleito o segundo maior número de sufrágios entre cinco concorrentes. Disputou novamente o cargo de prefeito municipal em 1982, sendo o mais votado com quase quarenta por cento do total de votos conferidos a seis candidatos inscritos. Sua vitória não foi reconhecida pela Justiça Eleitoral em razão da sublegenda, artifício jurídico aprovado pelo Congresso Nacional, à época sob a pressão do regime militar, para barrar a vitória dos candidatos majoritários da oposição em todo o Brasil. Em 1986 rompeu com o governador Gilberto Mestrinho (1928-2009), desligou-se do PMDB e se inscreveu no PSB para aderir ao Movimento “Muda Amazonas”. Participou das eleições proporcionais daquele ano, recebeu expressiva votação sendo diplomado 3º suplente de deputado estadual. Reassumiu suas funções no Ministério Público Estadual e em seguida delas desligou-se para concorrer às eleições de 1992 pelo PST, sendo eleito vereador à Câmara Municipal de Itacoatiara. Empossado no ano seguinte e logo integrado à bancada da oposição, promoveu intensa batalha parlamentar em prol da ética e contra os desmandos políticos. Em meados de 1995, ainda que houvesse transcorrido apenas a metade do seu mandato, por desencanto renunciou à vereança e se desligou definitivamente da atividade político-partidária.
- Há cinquenta anos ocupado em estudar e divulgar a trajetória histórica de Itacoatiara, sempre se pautou pela intransigente defesa da cultura municipal. Uma clara, fortíssima vocação telúrica o motiva e conduz a estar sempre e permanentemente a serviço da comunidade onde nasceu. Maior expressão da historiografia itacoatiarense, igualmente reconhecido pelas inúmeras entrevistas e palestras proferidas em sua cidade, na capital e fora do Estado, é citado e bibliografado nas obras de Almir Diniz, Anísio Melo (1927-2010), Antonildes Mendonça, Antonio Souto Loureiro, Armando de Menezes, Carlos Rocque, Claudemilsom Santos, Dilma Braga, Elson Farias, Ester de Figueiredo, Francisco Calheiros, Francisco Fiuza Lima (1908-1998), Frank Chaves, Guilherme Fernandes, Heloiza Chaves Pinto, Henriqueta Spínola, Leila Leong, Manoel Domingos, Márcio Souza, Padre Celestino Ceretta, Robério Braga, Samuel Benchimol (1923-2002), Sylvia Aranha e outros. Os seguintes ex-presidentes da Academia Amazonense de Letras, integrando uma extensa lista de intelectuais, assim se manifestaram a seu respeito: “Francisco Gomes da Silva é um escritor de vocação [que] se converteu no primeiro e mais autorizado historiador de Itacoatiara, desde os albores da juventude” (Elson Farias); e “[entregou-se] ao registro e à reflexão da história de sua cidade… Seus vínculos afetivos com Itacoatiara são praticamente de natureza conjugal, pela permanência e pela dedicação. Esse amor por sua cidade resultou em momentos duradouros da produção intelectual amazonense” (Max Carphentier).
- Dentre as várias homenagens recebidas, em 07 de dezembro de 2004 foi agraciado com a comenda “Ordem do Mérito Legislativo”, na categoria Mérito Especial, instituída pela Presidência da Assembléia Legislativa do Estado, que reconheceu a sua atuação em defesa da cultura amazonense.
01 - ITACOATIARA, ROTEIRO DE UMA CIDADE; 02 – ITACOATIARA, ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS, REALIDADE PRESENTE; 03 - CENTENÁRIO DE SÃO JOSÉ DO AMATARY; 04 - CRONOGRAFIA DE ITACOATIARA – 1º Volume –; 05 - ITACOATIARA, ROTEIRO DE UMA CIDADE; 06 - INSTITUTO ALFREDO DA MATTA, ONTEM E HOJE: UMA HISTÓRIA DE SAÚDE PÚBLICA – Coautoria; 07 -CRONOGRAFIA DE ITACOATIARA - 2º Volume; 08 - A IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE ITACOATIARA; 09 - CONSTITUIÇÕES DO ESTADO DO AMAZONAS – Volume 1; 10 - PRESENÇA DO PODER JUDICIÁRIO NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA; 11- PEDRO GOMES, MEU PAI (Um Memorial de Família; 12 - CÂMARA MUNICIPAL DE ITACOATIARA (Sinopse Histórica); 13 - HOMENS, MULHERES E COISAS DE ITACOATIARA e 14 - AS PEDRAS DO ROSÁRIO.