Livro:
"Biografia de Vicente Geraldo de Mendonça Lima. Sua vida, sua família"
(3ª Edição, revista e ampliada)
-2012-
Autor: Antonildes Bezerra de Mendonça - anto-bezerra@hotmail.com
Esclarecimentos:
Nunca deixei de lado o meu profundo desejo de um dia escrever sobre a vida do meu lembrado avô Vicentinho Mendonça. Sempre via naquele homem de pequena estatura, atitudes de extremas bondades, não só às pessoas estranhas, quanto à sua esposa (minha avó) Joana Rebelo de Mendonça, extensivas aos netos que estavam sob as suas expensas, embora eu desconheça os procedimentos desse nordestino, no tempo de vivência relativo à criação dos seus filhos.
É como se ainda estivesse observando aquela sua tarefa diária em busca do sustento dos seus dependentes, dentre os quais, vários netos órfãos de pai e mãe, como eu. Esse inesquecível cidadão dedicava grande afeto aos seus entes queridos e se preocupava muito com a saúde deles. Quando adoentados, dava-lhes toda proteção no tratamento que logo o caso necessitasse, principalmente precavendo-os de uma possível tuberculose, cujo surto pairava na época, dado ao grande atraso da medicina, que culminava com constantes mortes provocadas pela epidemia, tendo eu assistido ao acontecimento de algumas delas, inclusive dentro de casa.
Entrou na fase de senectude, sem nunca ter tido qualquer ato de violência. Ao contrário, continuou lúcido e gentil.
Quando alguém discordava dos seus ensinamentos a repreensão era feita com palavras de maneira branda, impondo o respeito, a moral e a dignidade
Sempre ensinou aos seus familiares que o respeito aos semelhantes deveria estar em primeiro plano. Com essa atitude conseguia ser admirado e tratado da mesma forma. O exemplo foi observado na sua própria vida de bom cidadão.
Deixava sempre patente entre os seus familiares, que em tempo algum havia ingerido bebida alcoólica, o que considerava prejudicial à integridade física e moral do ser humano, espelhado em patéticos exemplos que observara em todo decurso de sua vida. Não tolerava nem mesmo guaraná dentro de casa, porque tinha o engarrafamento semelhante ao da bebida alcoólica. Nunca vi o meu avô beber nem mesmo esse tipo de líquido; apenas águas e sucos naturais regionais.
O povo todo de Itacoatiara o venerava, e tal qual um prêmio Divino, transfigurado em troféu da sua compostura, teve o seu jovem filho Vicente de Mendonça Júnior, que então estudava na Faculdade de Direito, em Manaus, adentrado sucessivamente ao campo político, como Deputado Estadual, em 1946 e jurídico, como advogado, em 1949; funções que repercutiram com grande importância e respeito na sociedade.
Meu avô acompanhou com entusiasmo a carreira do filho que pelo seu talento tornou-se, além de constituinte, um dos mais brilhantes advogados do Amazonas, o que o credenciou a assumir a Procuradoria Geral do Estado, por duas vezes.
O prestígio do meu avô me ajudou a chegar ao cargo de Secretário da Câmara Municipal de Itacoatiara, onde fiquei durante cinco anos. Ele costumava comparecer às reuniões e, à noite, em casa, me coordenava na redação das atas. Na época, solteiro, com apenas 22 anos de idade, eu não era afeito a esse tipo de serviço. Entretanto com as suas orientações, passei a executá-lo com maestria. Daí reconhecer que foram de grande valia os ensinamentos recebidos do meu saudoso avô Vicentinho Mendonça, que além de protetor, foi meu grande mestre.
No seu falecimento, em 25 de abril de 1976, o então Prefeito Aurélio Vieira dos Santos, em discurso no velório, apresentou as suas condolências à família enlutada, e ofertou uma requintada urna funerária em nome do Poder Executivo Municipal, sendo expresso, no semblante de cada um, inclusive no meu, o reverente agradecimento. À época aconteceu um grande movimento por parte dos cidadãos que compareceram ao seu cortejo.
Decorridos 36 anos do seu óbito, o meu esforço em escrever sobre ele aumentou cada vez mais. Há mais de 20 anos venho lutando a esse respeito, silenciosamente; porém, apenas nestes 9 últimos anos parti para as pesquisas convenientes mais aceleradas, com o fito de chegar à conclusão do meu objetivo.
Durante as etapas deste trabalho, esforcei-me em rememorar os anos em que morei com o meu avô, quando lhe fiz várias perguntas sobre a sua vida, sem ter, naquela época, nenhuma intenção de, no futuro, escrever a sua Biografia. Examinei seus documentos como Certidão de Casamento e de Óbito. Fiz cálculos e confrontações de tempos e idades. Entrei em contato com pessoas estranhas contemporâneas suas e com parentes, pessoalmente e através de telefonemas locais e interurbanos. Desenhei e fotografei tudo que melhor elucidasse e ilustrasse o meu trabalho. Tive também, em 2002, a ajuda da Sra. Maria Lourença Lemeszenski, Gerente do complexo "Vicente de Mendonça Lima". - SESI, cujo arquivo, que compulsei junto a ela, dispõe de vastos assuntos a respeito da vida do homenageado e do seu filho (meu saudoso tio), Dr. Vicente de Mendonça Júnior (19.09.1921 - 23.02.2009).
Dispondo apenas dos meus parcos recursos, concretizei esse imenso desejo de deixar na história, mesmo que seja só entre a família, o nome desse cidadão de comportamento impecável. Com esse objetivo, adquiri um computador de segunda, com os seus respectivos componentes como CPU, programas, impressora, teclados, mouse, estabilizador e monitor, para, através deles, concluir o meu trabalho e ficar com a consciência tranquila de ter realizado o meu desejo de homenagear na escrita esse homem que me criou e me deu honradez, caráter, ensinamentos e outros benefícios inalienáveis.
Não fiz curso nenhum para operar o computador, mas com iluminação divina, muito esforço e dedicação constante, eu consegui dominá-lo para concluir este serviço. Tive um grande incentivo da minha ilustre prima Desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima que, ao ler a primeira Biografia, resumida e apenas em um lado de uma única e acanhada folha, valorizou-a, por tratar-se também do seu avô, de quem guarda grandes lembranças. Ela sugeriu revisão, ampliação e a inserção dos nomes de todos os demais membros da família, com fotos, incentivando-me a editá-la. Fato ocorrido na tarde de 14 de março de 2002, no Fórum de Justiça de Itacoatiara - então com o seu nome na fachada - onde ocorria uma demanda de Correição sob a sua presidência, na qualidade de Corregedora Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Amazonas. Não ficou apenas nisso! Com o meu trabalho concluído, essa ilustre prima se interessou em mandar editá-lo e com maior brilho, abriu as portas do Fórum de Justiça de Itacoatiara, por ela construído, para que eu lançasse a Biografia, aproveitando a solenidade de inauguração, o que ocorreu no dia 30 de abril de 2004, fato registrado neste volume.
Como reflexo do incentivo da ínclita magistrada, e a realização do lançamento do primeiro volume desta Biografia na referida solenidade de inauguração do Fórum, a partir dos primeiros meses de 2005, editei o segundo volume e para este terceiro volume, procurei revê-lo e ampliá-lo, inserindo-lhe outros assuntos considerados importantes como: a Bandeira, o Brasão e o Hino da Escola “Vicentinho” e foto dessa Unidade Educacional após a reforma de 2006; descrevo quem foi Antonino Rebelo de Mendonça (filho do biografado) que partiu para sempre em plena juventude; faço um tributo ao saudoso Antonio Vital de Mendonça (Quitó); uma homenagem a Abrahão Sabbá, da Escola do mesmo nome, integrante da Unidade de Educação “Vicente Mendonça Lima”, do grupo SESI; Hino de Itacoatiara – e do Amazonas também; homenagem ao Dr. Francisco Gomes da Silva, escritor, historiador e redator do anteprojeto da Lei Orgânica do Município de Itacoatiara, onde fez constar o Artigo 218 que determina a construção da Escola em nome daquele que foi seu grande e particular amigo, e amante da Velha Serpa, o patriarca Vicente Geraldo de Mendonça Lima. E, encerrando a Biografia, uma merecida homenagem também a Raimundo Perales, que governou Itacoatiara de 1956 a 1960 e que não teve, ainda, depois de decorridos mais de 40 anos, o nome lembrado por autoridades para figurar em qualquer logradouro de Itacoatiara, por pequeno que seja.
